Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 27 de abril de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: As lembranças de Magela Alberto Sena ‘Adorei viajar com você no tempo. Tenho também algumas lembranças da casa da Rua Marechal Deodoro. Lembro-me que ir para lá tinha de ser por algum tempo, alguns dias penso. Três, será? É que tínhamos que atravessar toda a cidade para chegar lá. Era longe... na minha percepção. E parecia uma chácara. Parecia não. Era. Nas minhas lembranças era uma chácara aonde havia dezenas de pés de manga com um rio láááaa no fundo. Eu ainda não dava conta de subir nas mangueiras, mas aproveitava as madurinhas que caíam’. A prima Magela Sena Almeida, que na época morava na esquina das ruas General Carneiro com João Pinheiro, em Montes Claros, demonstra ter memória boa. Nunca se deve dizer que a memória não é boa, porque a cada vez que a pessoa repetir isto a memória fica pior. O quintal não tinha tanta mangueira, mas era cheio de jabuticabeiras, como já disse aqui noutra ocasião. Quanto ao ‘rio láááaa no fundo’, por incrível possa parecer, era um córrego de águas límpidas que foi transformado mais tarde em cloaca da sociedade, o córrego Vieira. ‘Dos bolos que seu pai fazia também me lembro até hoje. Mas era na casa da Rua São Francisco. Ele batia o bolo numa travessa linda, colorida por fora com um desenho azul e vermelho que atraíam meu olhar, mas me baralhavam as vistas. E não conseguia olhar por muito tempo. Mas o bolo era delicioso e eu esperava ansiosa a hora de comer um pedaço!’ Sim, Magela, eram bolos deliciosos! Lembro-me bem da figura de pai em pé na cozinha, com a travessa e um garfo batendo a clara de ovos até que ficasse consistente, ao ponto de poder emborcar a travessa e aquela espuma branca permanecia grudada. Depois, ele ia ao fogão de lenha e ajeitava as achas para esquentar o forno, tirando faíscas da madeira que chiava até no fogo. E nós ficávamos ali ao redor dele, em silêncio, às vezes, espiando a travessa e as mãos ágeis de pai, como gatinhos à espera do melhor. E o melhor vinha na hora da partilha do bolo. Bolo que deixou saudade em mim, em Nice e, agora, em Magela e deve ter deixado também noutras pessoas. ‘Interessante, ficou essa lembrança da sisudez do tio José ‘Bitaca’, mas ficou também de quanto eu gostava dele. Ele não me causava medo. Só respeito pelo jeito diferente de ser. Lembro-me que sempre me tratava bem. Conversava comigo, rapidamente, mas o fazia. E quando lhe pedia a benção, como era costume, respondia de uma forma pouco usual, que eu entendia assim: ‘São Deus!’ Boas lembranças!... Bons tempos!...’ Concordo: boas lembranças, bons tempos. Como bons também são os tempos atuais, tirante os problemas que afligem a cada um de nós no dia a dia. Ela se lembrou de algo interessante: o costume ‘pouco usual’ como pai respondia toda vez que um de nós lhe pedia a bênção: ‘SãoDeus!`, como se fosse uma só palavra, querendo dizer, em verdade: ‘Peça bênção a Deus’. Isto acontecia toda noite. De Célia, a primeira da segunda leva de filhos, passando por Lúcia, Wanda, eu e Tone. Era como uma ladainha, antes de dormir. Em seus respectivos quartos, já deitados, cada um pedia um após o outro, sempre respeitando a hierarquia e a ordem de nascimento: ‘Bênção, mãe’. E mãe respondia, ‘Deus te abençoe’. E assim por diante, de per si. Depois era a vez de pai: ‘Bênção pai’. E ele respondia lá do quarto: ‘SãoDeus’. Que eu saiba, ele não era chegado às práticas de igreja. Mas era crente principalmente porque não tinha como negar a Deus vivendo aquela realidade nua e crua de pai de onze filhos. Elvira, sim, ela era religiosa. Mulher de fé. Diante de algum problema na família, primeiro ela se recolhia ao quarto, onde ficava o oratório, e durante algum tempo conversava com Deus com intimidade porque Ele ouvia as preces dela ao ponto de mudar a realidade num piscar de olhos. Pequena, ágil, corajosa, foi mãe que nos deu o direcionamento assim que pai morreu, em 15 de janeiro de 1961, aos 58 anos. Se vivo fosse, ele faria 107 anos nesse janeiro de 2011. Fato curioso: 26 anos depois da morte de pai, no mesmo dia 15 de janeiro (de 1987), nascia o meu filho, Pedro, no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. No mesmo hospital onde mãe morreu em 12 de maio de 1985. No dia ‘Dia das Mães’.

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima