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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 27 de abril de 2024
 

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Mensagem: NECO E DEBA NA HISTORIA MONTESCLARENSE José Prates A crônica de Raphael - com ph - falando sobre Neco de Santa Maria e Deba, me fez voltar aos anos cinqüenta, militando na política montesclarense, filiado ao PSD, ao lado desses dois vultos que a história do município deve guardar com carinho. Eram os anos 53, 54 quando a política fervilhava em Montes Claros com o Coronel Lopinho do PR de um lado e do outro Neco de Santa Maria e Deba à frente do PSD, dominando a política municipal. Cada um deles tinha seu “mandiocal” como chamávamos a parte do município comandada pelo político, com centenas e até milhares de eleitores que obedeciam cegamente às ordens do caudilho. A influência do Cel. Lopinho na eleição municipal não era muito grande porque o seu interesse maior estava na eleição do Deputado Federal José Esteves Rodrigues por ele apoiado desde a primeira vez que concorreu a eleição para a Câmara Federal em 1946. Ao contrário do Cel. Lopinho, o interesse de Deba e Neco estava centrado na eleição local que lhes colocava em posição privilegiada junto ao governo municipal, garantindo-lhes prestigio com os eleitores e alguma influencia nos negócios da prefeitura, não com o objetivo de lucro pecuniário, mas, uma espécie de status que lhes trazia alguns privilégios. Nenhum dos tres candidatava-se a qualquer cargo, preferindo o comando do partido sem exercerem qualquer mandato eletivo o que, segundo eles próprios, facilitava as negociações políticas no âmbito municipal e estadual. O embate entre PSD e PR ou seja entre Deba e Neco com o Cel. Lopinho nas eleições de 1953, resultou na vitoria municipal do PSD elegendo Dr. Alfeu Quadros para a Prefeitura com uma pequena diferença de votos, substituindo o Capitão Eneas Mineiro de Souza que terminava o mandato para que foi eleito em 1949, com grande apoio do PR. Deputado Federal elegeu-se o dr. José Esteves do PR, ficando o candidato do PSD, Dr Plinio Ribeiro na primeira suplência, convocado logo em seguida com a saída do Deputado – não me lembro quem - que reassumiu a Secretaria de Segurança do Estado. O prestigio de Neco e Deba era muito grande na cidade e adjacências, influindo de maneira decisiva na eleição porque tinha absoluto controle sobre os eleitores que lhes obedeciam sem discutir. Ninguém tinha candidato próprio: votava depositando na urna a cédula que recebia quando saia do “curral” para a seção eleitoral. Chamavam “Currais” os espaçosos e bem cuidados quintais das casas dos coronéis, aonde os eleitores vindos da roça ficavam confinados e bem tratados até a hora que saiam para votar. Para eleição de Deputado Federal pelo PSD, havia certa dificuldade pela falta de um candidato ligado ao “eleitor da roça” como era o dr. José Esteves, proprietário de fazenda com grande extensão de terra e muitos agregados. Dr. Plínio Ribeiro, candidato natural do partido, era um intelectual sem contato pessoal com eleitores rurais e, também, eleitores de outros municípios como Francisco Sá, Janaúba, Juramento e Bocaiuva. Isto dificultava-lhe a eleição A primeira suplência naquele ano, foi uma vitória. Naquela ocasião, os problemas que mais afligiam Montes Claros e que deixavam a administração municipal em maus lençóis, eram água e luz. A água barrenta, sem tratamento, quase imprópria para o consumo, enquanto a luz que vinha da antiga usina do Cedro era muito fraca, impossibilitando o desenvolvimento econômico da cidade. A indústria existente, resumia-se numa refinaria de óleo de algodão, o Mariflor, que para garantir a produção, tinha geradores de energia próprios, porque a energia pública era insuficiente. Até o jornal, para ter condições de circular, instalou um gerador próprio. Nessa ocasião, Juscelino Kubitscheck que governava o Estado e candidatara-se a Presidencia da Republica, estava desenvolvendo o seu programa de governo “energia e transporte”, lançado na campanha a governador, que tinha por meta principal a criação da Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, na qual não constava a inclusão do norte do Estado pela ausência de condições para novas usinas, como também a dificuldades de transmissão da energia produzida em outras partes, pela demanda de grandes recursos financeiros. A situação estava difícil. O Prefeito Capitão Enéas, embora eleito com grande apoio do PR, tornou-se amigo do Governador, com quem mantinha contatos esporádicos,. mas, recusava-se a fazer pedidos para o municipio. Dizia que “pedido era coisa de político e ele era, apenas, um administrador” Mostrava-se avesso às viagens políticas e encontros formais. Homem dinâmico, empreendedor, mas de pouca cultura evitava as reuniões. Tratar de assuntos do município que não fossem de caráter exclusivamente administrativos, mas, apenas, políticos, deixava que fossem tratados pelos políticos que, segundo ele, eram mais afeitos a negociações e conchavos. Foi assim que depois de algumas reuniões sobre o assunto na casa do próprio Capitão, com Deba, Neco, Dr Alfeu e dr. Plínio Ribeiro, tratando da questão da luz e água, ficou acertada a ida de uma comitiva a Belo Horizonte para tratar do assunto com o Governador Juscelino, que já estava em campanha para Presidente. A comitiva foi organizada com a exclusão de Neco de Santa Maria que se recusou a integrá-la. Não gostava de viagens longas, como justificou. A comitiva foi organizada, compotsa por Deba, Dr. João F. Pimenta, Dr. Plinio e dr. Antonio Pimnenta, Deputado Estadual pelo PSD que já se encontrava em BH. No encontro com o Governador, depois de quatro dias de espera, Deba desempenhou um papel importante. Com sua veemente argumentação, convenceu o Governador da necessidade de energia elétrica no norte de Minas. Somente dez anos depois, 1965, a CEMIG instala-se plenamente em Montes Claros com a transmissão da energia produzida em Tres Maria. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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