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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 27 de abril de 2024
 

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Mensagem: Presente de natal Haroldo Alfredo Santos (Médico montesclarense residente em BH) Acordei neste 25 de dezembro tecendo algumas conjeturas em torno de um presente de natal, uma bicicleta da marca “Phillips”, aro 26 e de cor preta, que enriqueceu um dos meus fins de ano na puberdade. Naquela época não eram comuns bicicletas infantis, e eu tive que aguardar a puberdade para fazer parte do grupo de “malabaristas sobre duas rodas”. Conjeturando, não pude fugir à analogia da bicicleta com a vida, do aprender a andar de bicicleta com o aprender a viver, um aprendizado lento e gradual onde os pais têm uma participação essencial no auxílio ao difícil equilíbrio inicial, colocando acessórios especiais de segurança (rodinhas laterais) para evitar os tombos e traumatismos possíveis, até que os filhos adquiram alguma “intimidade com a máquina” e já possam, após aquele treinamento inicial, desfilar com segurança sobre as duas rodas. Vem depois a fase dos malabarismos: curvas, lombadas, declives, velocidade, manobras radicais, num aprendizado lento e gradual, muitas vezes traumático. E haja treinamento! E haja aperfeiçoamento! E chega então um tempo de domínio total do equilíbrio, facultado pela destreza e intimidade com todas as manobras, gerando confiança plena, ampla e irrestrita. Mas este é um tempo em que a segurança não é privilégio, nem apanágio só dos filhos que aprenderam a arte do equilíbrio, mas também daqueles pais professores, pela certeza de que os filhos já não necessitam mais da proteção paterna constante e contínua. Na vida a analogia significa “andar com as próprias pernas”, identificar riscos e superá-los, o saber de si. Entretanto, mesmo depois de se atingir esta fase, os pais ainda gostam de participar um pouco, opinando aqui e acolá, mesmo porque faz parte dos mesmos o processar da vida. São verdadeiros anjos da guarda a acompanhar a trajetória dos filhos. Mas a natureza é pródiga e sábia, e em analogia a esta curva ascendente e gradual de ensinamentos e de proteção, reserva aos pais, na senectude, uma curva descendente de perda gradual e progressiva da atividade neuro-sensorial, com diminuição da atenção, do equilíbrio, da acuidade visual, da atividade motora e sensitiva, produzindo um processo inverso, e é quando os filhos irão ter a oportunidade de devolver em carinho e cuidados aquela proteção, muitas vezes velada, que receberam durante toda a vida. Nesta fase os papéis se invertem, os pais passam a necessitar de todo o cuidado e proteção dos filhos, auxílio indispensável para que continuem a desfrutar da vida, apesar das limitações que o tempo lhes impôs. E neste processo inverso, são os filhos que irão ensinar os pais a andar de novo, a usar as órteses que se fazem necessárias e indispensáveis com o correr dos anos, e ajudá-los a se alimentar quando já não conseguem fazê-lo sem auxílio, em virtude da mão tremula e dos movimentos dúbios e imprecisos. A vida é desta forma a parábola perfeita, e privilegiados são os que têm a oportunidade de vivê-la em toda a sua plenitude, da infância à senectude, cursando toda a trajetória desta parábola divina.

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