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Mensagem: Evolução que dói Roberto Elísio (Hoje em Dia) A ordem natural das coisas obedece a um processo de evolução inevitável, mas dói nos que já vêm um pouco mais lá de trás - como é o caso do modesto autor destas linhas - a ampliação dos espaços em branco na tradicional fisionomia humana da imprensa mineira. Na segunda quinzena de abril passado, mais dois desfalques irreparáveis: Jader de Oliveira e Júlio Corrêia e Silva se foram sem nos dar tempo de uma despedida mais de perto: Jader morreu em Londres, onde residia há quase 40 anos, emprestando a seriedade de sua competência profissional à BBC, emissora de conceito internacional vinculada ao Governo da Inglaterra, dotada, porém, de razoável independência editorial. O boníssimo Júlio Corrêia e Silva cruzou os braços sobre o peito em Brasília. Morava por lá faz muitos anos, depois de se aposentar como funcionário do jornal ´Estado de Minas´ e do Ministério da Agricultura. O jornalista Jader de Oliveira, que ainda recentemente lançara em Belo Horizonte o seu livro de memórias - a que deu o delicioso título de ´Tempo mais que perfeito´ - foi um dos meus primeiros chefes na imprensa mineira, nos saudosos anos do velho ´Diário de Minas´. Primeiro, no 3º andar do número 150 da Rua dos Carijós, em cima do antigo Restaurante Bico de Lacre. Depois, numa certa casa da Avenida Bias Fortes, de propriedade do então dono do jornal, o ex-prefeito de Belo Horizonte Otacílio Negrão de Lima. E, mais tarde, num pequeno prédio da Praça Raul Soares, onde acabou fechando suas portas em definitivo. Trabalhávamos ambos na ´seção de esportes´, nome que no organograma das redações antecedeu à moderna denominação de ´editoria de Esportes´. Cada qual de nós tomou o seu rumo, até nos reencontrarmos na década de 70 na extinta redação da Rua Goiás, então sede do jornal ´Estado de Minas´, do qual Jader foi correspondente na Inglaterra. Todos os anos vinha passar férias em Belo Horizonte, onde um festival de homenagens sempre o aguardava, de preferência em rodas memoráveis nos melhores botequins da Capital. Por vezes, dávamos uma esticada à sempre seresteira Santa Luzia do Rio das Velhas. Jader se rendia então ao som das cordas de um violão saudoso. O suave Júlio Corrêia e Silva pertencia aos quadros administrativos, mas, antes, pertencia à alma da velha redação da Rua Goiás, onde trabalhou durante anos, antes de se transferir para Brasília. Vinha dos tempos de Geraldo Teixeira da Costa, Hermenegildo Chaves e Pedro Aguinaldo Fulgêncio, rompendo as madrugadas no trabalho de encerramento da edição do jornal, a que se chamava de fechamento da primeira página. Passou pelo companheirismo de José Sílvio de Carvalho, também já não mais entre nós, e, nos últimos tempos, ao lado de seu grande amigo Dídimo de Paiva. Também vinha sempre a Belo Horizonte, para o tradicional reencontro com os velhos amigos, filhos, netos e bisnetos que ele tanto cultivava. Já enxergava pouco. Os anos lhe pesavam dolorosamente sobre os ombros. Jamais, no entanto, abateram a jovialidade de seu espírito. Como a ordem natural das coisas obedece a um processo de evolução inevitável, Jader de Oliveira e Júlio Corrêia e Silva não estão mais por aqui. Isto dói. E como! (N. da Redação - Roberto Elísio ainda não registrou. Mas a imprensa mineira acaba de perder o ameno Geraldo Magalhães. Ex-seminarista em Roma, humanista, dirtor de cinema, discreto, culto e bom, foi editor da Segunda Seção nos melhores anos do jornal Estado de Minas. Tinha 76 anos.)
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