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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Rubinho, viva em Deus Alberto Sena Caro primo Rubinho, você se foi assim, sem me avisar por telefone ou por e-mail, mas recebi a sua mensagem extrassensorial. Na sexta-feira, 15, na noite em que você partiu passei mal sem saber por quê. Sabe quando a gente fica de ressaca? Pois é, fiquei assim o dia inteiro, nessa sexta-feira. Indisposto, vomitei, até, sem nenhuma razão aparente para isto. Na manhã deste sábado, 16, recebi o telefonema do meu irmão, Tone, dando a notícia da sua partida. Foi a partir desse momento que fiz a analogia com o mal estar que senti, antecedendo a sua partida. Depois que Tone desligou o telefone, como numa fita de cinema, os bons momentos vividos por nós se foram repassando diante de mim. Faço referência aos bons momentos porque nunca tivemos maus momentos. Sempre nos demos bem, desde criança. Vezes incontáveis fui a sua casa brincar de caubói. Eu era Roy Rogers e você Rex Alen. Você possuía dois revólveres e eu nenhum. Você me emprestava um e nós saíamos atirando. Furávamos virtualmente todos os móveis de tia Ambrosina. Lembra-se daquela vez que você, no banheiro, fazia gracinha e ao pisar as bodas da banheira levou um escorregão? Fez tibum! Quem levou a pior fui eu porque Rex, o cachorro policial veio em seu socorro e me mordeu a bunda porque eu estava na porta do banheiro e você havia gritado ao se estrebuchar dentro da banheira. Quantas vezes nós levantamos às 5h da manhã para jogar futebol no campo do União, em frente da minha casa e próximo da sua. O sol nem havia nascido, os galos contavam, os cães ladravam e nós ali chutando a pelota sob a luz do poste da Rua Corrêa Machado. Quantas vezes nos divertimos na Praça de Esportes do Montes Claros Tênis Clube (MCTC), onde jogamos futebol, eu no ataque e você no gol. E me lembrei então do tempo em que jogamos no juvenil do Cassimiro de Abreu, o mesmo time que seu irmão, Sidney, defendeu na equipe titular contra o ferrenho Ateneu. Quantas vezes, Rubinho, saímos à noite em Montes Claros (e em Belo Horizonte) para jantarmos altas horas em restaurantes. Quantos carnavais juntos nós passamos no Automóvel Clube? Hein? Como naquela noite em que a Seleção Brasileira se sagrou tricampeã do mundo. Lembro-me, neste momento, você e eu sentados na frente de um carro em movimento descendo a Rua Simeão Ribeiro, comemorando o tri-campeonato mundial. Você se lembra disto? Quando na Rua Simeão Ribeiro se podia descer de carro, antes, muito antes de ser fechada? Quão excitante foram aqueles nossos anos de Cristal, não a Cristal de hoje, uma simples lanchonete, mas a Cristal antiga, chique, onde íamos tomar sanday, vaca branca e vaca preta, numa época, e noutra época, beber cerveja? Em Belo Horizonte, você se recorda? Saíamos à noite para fazermos uma via não tão sacra por vários botecos. Como o Saloon, o Aloha, o Chorare. Você se lembra da nossa convivência no apartamento da confluência da Avenida Álvares Cabral com ruas da Bahia e Guajararas? Depois disto você se casou com Florisana que tanto o amou. Vocês se mudaram para Florianópolis. Um dia, lembra-se? Eu e Sílvia voltávamos de Foz de Iguaçu (PR) e encontramos vocês no avião indo para Belo Horizonte. A coincidência foi tamanha que sentamo-nos uns atrás dos outros. E depois veio Cyrano, hoje com seus 15 anos, suponho. Houve até um tempo em que fomos vizinhos, na Rua Deputado Álvaro Sales, no Bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte. Acho que você ainda deve se lembrar daquela vez que deixou lá em casa uma gaiola com um dó-mi-ré, pássaro tipicamente norte-mineiro, que tem o papo amarelo, você o deixou lá em casa porque precisava viajar. Eu estava em viagem e você o entregou a Sílvia com a recomendação: ‘Cuida dele como se fosse o meu filho’. A sua intenção era soltar o dó-mi-ré na região de Montes claros, o habitat dele. Depois disso, Rubinho, as circunstâncias da vida nos separaram. Você retornou com a família para Montes Claros. Os nossos contatos diminuíram. De vez em quando, por intermédio de Florisana ou de Magela, eu tinha notícias suas. Todos os dias, por longo tempo, eu pedi a Deus por você, na hora da consagração das hóstias, naquele momento em que o padre eleva o cálice. Quem se eleva agora é Rubinho, meu caro. Você partia e não teve tempo de me avisar por telefone nem por e-mail. Mas avisou-me extrassensorialmente. Só entendi o seu recado depois que Tone me ligou. Faltavam poucas horas para o seu sepultamento. Até logo, amigo. Viva em Deus.

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