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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Expedito é carroceiro o ano todo. Nas Festas de Agosto, transforma-se em chefe do Terno de Catopês de São Benedito, o único do santo nas festas de Montes Claros. Dois outros ternos são de Nossa Senhora do Rosário. Há um só grupo de caboclinhos e duas marujadadas. Expedito, tanto o carroceiro quanto o chefe Catopê, é estimadíssimo, porque é cordato, é modesto, é humilde, é pacífico. Certamente, está nas bem-aventuranças. Certamente segue sem saber o eremita Benedito, do século 16, da Ordem de Francisco de Assis, que transformou pães em rosas no surrado burel. Comove a leveza de alma do nosso Expedito, de tão benedito. Jamais alguém o viu levantar a voz. Aproximando-se dos 70 anos, treme as mãos. Tem o mal de Parkinson. Mas nada, nem doença alguma, nada o desvia de suas obrigações de Catopê há mais de 50 anos, trema ou não suas mãos honradas de carroceiro o ano todo. Hoje, justamente no Reinado de São Benedito, de quem seu terno é o único, foi demoradamente aplaudido, e por motivo relevante. O terno de São Benedito foi esquecido na Festa de seu santo, no Reinado de São Benedito, justo. O ônibus escalado para buscar o Terno não chegou. Em vão, esperaram - catopês e seu chefe. Às 11 horas, o Reinado ameaçava partir, e o ônibus não chegava para apanhá-los. O cortejo chegou a se movimentar, mas volveu à Praça do Automóvel Clube para esperar o grupo mais humilde. Os chefes Catopês dialogaram e decidiram - esperar. Pelo caminho, pessoas desistiram sob o sol quente de agosto. Gente alheia à organização oficial conseguiu um ônibus para buscar os esquecidos. Quando, por fim, desembarcaram, já depois do meio-dia, a assistência, que ignorava o acontecido, mas que testemunhou a aflição e o empenho dos dançantes, a assistência de um lado e do outro da rua aplaudiu. Aflito, com receio de perder compromisso de 50 anos, trêmulo, Mestre Expedito, sereníssimo, atravessou com os dançantes todo o cortejo, que se abriu, e tomou o seu lugar. Os aplausos se prolongaram. Venceu Expedito, o sereníssimo - discípulo de Benedito. (Estes, assim, vencerão sempre). Não foi a primeira dificuldade a acometer os dançantes, nestas atuais festas, que são deles. Quarta-feira à noite, por ocasião do primeiro mastro, faltou ônibus para apanhar uma das marujadas - a enlutada marujada do Mestre Miguel Sapateiro. Marcada para as 20h, a procissão com a bandeira de Nossa Senhora do Rosário só chegou ao Rosário perto das 23h, quando poucos esperavam. Levantado o mastro, a bandeira despencou, triste quem sabe. Recolocada, ficou lá até ontem, quando de novo sumiram - mastro e bandeira. Ainda há pouco, não havia voltado - contra toda uma tradição de quase 200 anos. E, ontem ainda, os caboclinhos, as encantadoras crianças da devoção, não puderam concluir seu canto ao pé do Mastro de São Benedito. A organização da festa cortou o som dos pequenos dançantes e o transferiu para um palco ao lado, onde cantou uma música alheia à festa - que é essencialmente de Catopês, dos Marujos, dos Caboclinhos. É, por quase 200 anos - é preciso sempre repetir. Os meninos e meninas Caboclinhos, a descendência de Joaquim Poló, como o mestre Expedito, são humildes e habitam o reino da mansuedade e da paciência. Se reclamam, é porque algo lhes dói, muito. Os Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros estão re-clamando.

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