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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Eternas lembranças Roberto Elísio - Jornal Hoje em Dia Acompanhado de atencioso cartão do empresário Jamil Curi, dirigente da Regional Norte da Fiemg e incentivador do conjunto desde 2005, chega-me às mãos uma relíquia: o CD ´Vozes em Serenata´, que acaba de ser lançado pelo Grupo de Seresta ´João Chaves´, da suave Montes Claros, cidade que sempre me concedeu a graça de muitas amizades extremamente queridas. Montes Claros é sui-generis: consegue manter a sua pureza de alma e de sentimento, apesar da onda de violência que tomou conta dos novos tempos e das velhas cidades, contra a qual, dolorosamente, nem ela nem minha doce Santa Luzia foram vacinadas. Evidentemente não com os mesmos componentes em sua integralidade - o correr da vida é cruel, dele ninguém escapa - faz algumas décadas o Grupo de Seresta ´João Chaves´ gravou excelente LP, que me foi, à época, presenteado pelo saudosíssimo amigo Mário Ribeiro, médico e ex-prefeito do município. Tenho-o até hoje, como, também, mantenho em pleno funcionamento um velho toca-discos, daqueles na base da agulha deslizando sobre a cera. Ouço-o sempre, quase invariavelmente sozinho. O título do LP era o mesmo deste artigo, embora no singular: ´Eterna lembrança´. O repertório do atual lançamento inclui algumas composições não tão antigas quanto as anteriores, algumas inclusive não marcadamente de seresta. A predominância absoluta, porém, é de canções de um tempo mais distante, justamente aquelas que tornam eternas as lembranças. Constava do LP a modinha ´Saudade´, de Jaime Redondo. Consta do CD a modinha ´Saudade´, de Jaime Redondo, que, se compôs mais alguma coisa, nem precisava: ´Saudade´, somente ela, já justificaria perante o tempo a existência de seu autor: ´Saudade, mal-estar que se bem diz/ Que fere, mas não deixa cicatriz./ Saudade doce bem que me tortura/ E o coração machuca com doçura´. Ou, então, esta ternura de passagem poeticamente evocativa: ´Saudade de rever os meus/ Saudade dos sorrisos teus/ Saudade, quem é que não tem/ Só mesmo alguém/ Que nunca quis bem´. O Grupo de Seresta ´João Chaves´ foi fundado há 44 anos e se mantém absolutamente fiel ao espírito do saudoso montes-clarense que lhe dá nome, imortalizado por excepcionais composições que desafiam tempo e gostos. É o caso do ´Amo-te muito/ Como as flores amam/ O frio orvalho que o infinito chora´. Seus atuais integrantes, pela ordem expressa na própria contracapa do CD, são Adélcio Saraiva, Ademar Toledo, Alice Navarro, Marlene Oliveira, Marlene Cunha, Terezinha Jardim, Terezinha Fróes, Luiz Porfírio, Josefina de Paula, Hélio Saraiva, Valderez Costa e Paula, Ney Barbosa, Marta Marcondes e Mafalda Mafra, herdeiros e continuadores do culto às tradicionais serenatas na terra dos jornalistas Manoel Hygino dos Santos, Paulo Narciso, Adriano Souto e Carlos Lindenberg (este por adoção) e dos saudosos Robson Costa e Hermenegildo Chaves (irmão do patrono do conjunto musical), ao lado de quem tive a ventura de trabalhar longos anos na velha redação do ´Estado de Minas´. E em se falando em serenata e em Montes Claros, não se pode deixar de destacar os mestres João Vale Maurício e Luiz de Paula, dos mais festejados poetas e seresteiros do Norte de Minas As ´Vozes em Serenata´ reconduzem à memória histórias e figuras indelevelmente queridas: ´É a ti, flor do Céu´ ressuscita a imagem suave de minha avó Nhazinha, mãe de minha mãe; ´Sinfonia da mata´ recoloca ao meu lado o insubstituível Sanica com seu violão; ´Em você´ reaparece o inesquecível primo e amigo Camilo Teixeira da Costa, debaixo da sacada de um dos casarios da Rua Direita, na nossa doce Santa Luzia do passado: ´Você traduz/ Sonhos de luz/ Anjo divino/ Qual uma dádiva do Céu/ Do meu destino´. Já a valsa ´Sertaneja´, criação insuperável de Orlando Silva - perdoem-me - faz-me recordar de mim mesmo. Timidamente escondido lá atrás dos anos que me envelheceram.

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