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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Precursoras “Ser mulher é... como bem definiu Cora Coralina é fazer a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”. Ventos perfumados no ar. Dia 1º de Janeiro de 2011 a posse da Dilma Roussef, a primeira presidente mulher do País. Numa sociedade machista como a nossa, no poder mais alto da República, temos agora uma mulher. Sexo frágil coisa nenhuma. Mulheres são guerreiras, sobrevivem aos trancos e barrancos, trabalham para ser independentes financeiramente e também para construir um mundo melhor. Lembrei-me de mulheres montesclarenses de nascimento ou de coração, mulheres com luz própria, que pensavam com sua própria cabeça. Nas décadas 40/50 as mulheres pertenciam tradicionalmente à casa e os homens às ruas. Naquela época algumas mulheres viveram em “feminino prático”, escolheram suas próprias batalhas dentro de suas vivências. Numa cidade sem tradição de carnaval, D. Afra, baiana de nascimento, alegrava a rua Presidente Vargas com sua fantasia de baiana. Dançava com a dignidade de uma rainha, tinha o respeito e admiração dos montesclarenses. Alice Aquino Netto saiu de Januária para estudar em Diamantina. Não existiam estradas. Viajava de vapor até Pirapora, de lá continuava a cavalo, atravessava as escarpas da Serra do Espinhaço para estudar no Colégio N. Srª das Dores. Foram anos de sacrifícios, mas o sonho se concretizou no Instituto Dom Bosco, onde desenvolveu a pedagogia do amor, aliada a métodos de ensino revolucionários da época. Fernanda Ramos chegou à nossa cidade quase uma menina, casada com o Sr. Arthur Ramos. Mulher inteligente, bonita, empreendedora, empresária, conciliou seu papel de esposa e mãe criando uma família exemplar com muitos filhos. Exerce até hoje grande liderança participando ativamente dos acontecimentos da cidade. Heloisa Veloso Sarmento, minha inesquecível professora de história no Colégio Diocesano. Depois de casada, já morando em Montes Claros fez no Instituto de Educação em BH, curso superior, o que hoje corresponde à Pedagogia. Diretora da E. E. Dom João Pimenta, transformou aquele educandário em uma escola-modelo onde realmente se educava. Delegada de Ensino, com seu trabalho honrou o nome de Montes Claros e do Norte de Minas junto à Secretaria de Educação. Josefina Mendonça, mulher muito à frente do seu tempo. Jogava tênis, pouco praticado naquela época. Alta, elegante, parecia uma americana. Usava bermuda, calça comprida, moda proibitiva nas décadas de 40 / 50. Mas o que mais admirava em D. Josefina era o senso estético. Fazia belos jardins; fez o projeto paisagístico da Praça Dr. João Alves, pois se preocupava com aridez da cidade. Cuidou dos canteiros da Av. Francisco Sá onde residia. Hoje seria uma ecologista de grande porte. Judithe Alves era chamada de Juju aviadora. Pilotando um avião teco-teco, fazia piruetas nos céus montesclarenses. Foi a nossa Amélia Eharth que em 35/36, foi a primeira americana a cruzar o Atlântico em vôo solo. Muito bonita, usava macacão de aviador, encantava a criançada com aqueles óculos imensos, usado para voar. Foi também locutora da Rádio ZYD-7. Maria Vasconcelos Câmara – Lica – minha querida mãe de leite. Mulher com M maiúsculo. Irreverente, dinâmica, destemida, contadora de piadas. Frequentava os estádios de futebol, onde torcia apaixonadamente. Mulher de garra participava da política local e era super respeitada. Conheceu seu marido Evandro Câmara na Escola Normal onde ambos estudavam. Troca de olhares, namoro escondido. Um dia, namorando atrás da Igrejinha do Rosário, aconteceu o primeiro beijo. Ela assustou, emocionou e adorou! Veio o segundo e nesse momento passa D. Maria Flora Bicalho, presidente da Pia-União das filhas de Maria. Resultado: Lica foi expulsa, mas não se importou. Foi por uma boa causa... Natália Peixoto não era só costureira, modista, era uma estilista! Achar uma vaga com ela era difícil, pois tinha clientela cativa na cidade e também em todas as cidades do Norte de Minas. Foi exemplar mãe e amiga. Seu atelier era famoso e de lá saíam “Tailleur”, vestidos de casamento, “blaser” e qualquer moda que Paris lançava. Trabalhou até o fim de seus dias e foi-se, deixando exemplo de mulher-guerreira e mãe-coragem. D. Marina Fernandez Silva chega à cidade. Carioca, simples, simpática e cheia de sonhos, plantou a semente do Conservatório Lorenzo Fernandez. A semente germinou, floresceu e hoje é um Jequitibá onde o vento espalha suas sementes de cultura para a cidade, o Estado e o País. Zezé Colares Moreira criou o Banzé, Conjunto Folclórico que resgatou a cultura de Montes Claros, levando-a ao exterior e ao Brasil. Muita pesquisa, muita luta, valeu a pena e hoje o Banzé é respeitado, aplaudido onde se apresenta. Essas grandes mulheres semearam sementes, transformaram sonhos em realidade, analisaram, refletiram para mudar. Reuniram em vida características de ousadia. Essas mulheres casaram com o mundo! Carmen Netto

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