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Mensagem: (Durante anos, o escritor e agrimensor Nelson Vianna, nascido em Curvelo e apaixonado por M. Claros, desde que aqui chegou, pesquisou a história da cidade. Foi a arquivos, jornais, revistas e livros, entrevistou pessoas, vasculhou correspondências – enfim, buscou em toda parte fontes que permitissem levantar a história do município de M. Claros. Conseguiu. Processou sua longa procura e publicou ´Efemérides Montesclarenses´, que cobrem o período de 1707 a 1962, revelando o que - neste período - aconteceu de mais importantes no cotidiano de nossas vidas. Nelson Vianna, apaixonado por M. Claros, reconhecido ao historiador Hermes de Paula, mais novo do que ele, mas seu auxiliar no trabalho, prestou - prestaram os dois, é preciso gritar isto - uma das mais notáveis contribuições à civilização dita montesclarina. Morreu sem ostentar riqueza material, mas o seu legado espiritual cresce a cada dia, embora ainda não seja suficientemente reverenciado. O tempo, sempre ele, também fará esta reparação. Republicar a resenha histórica pacientemente ajuntada pode ser um começo. Pelo calendário do dia, sairá publicado aqui, desde este 12 de janeiro de 2011, o que ele conseguiu desvendar no vasto tempo de 255 anos - entre 1707 e 1962, de uma Montes Claros nascente, criança e juvenil. Ajudará a cidade a se localizar. Talvez, a se achar. E haverá sempre um preito de gratidão a estes dois - Nelson Vianna e Hermes de Paula, e a muitos outros que, no silêncio, onde Deus fala aos Homens, recolhem o aplauso geral): 15 de abril 1888 — O “Correio do Norte” desta data publica um folhetim que seria da autoria do dr. Antônio Augusto Velloso com o título “Visões”, conhecido por Visão do Alferes Rocha, que abaixo vai transcrito: “Visões “Era pelas oito horas da manhã e a chuva fina continuava a cair, sem parar. A saleta da casinha do bairro de Santo Antônio estava quase nas trevas. O negociante sentiu entorpecerem-se-lhe os membros, em uma deliciosa embriaguez, e recostou-se à mesa. “Estava sentado no estreito banco, muito mal acomodado; mas ali mesmo começou a achar-se bem. Num macio divã não estaria melhor! “Tinha os olhos abertos e muito abertos. Entretanto não podia acreditar no que via: grandes cheias de livros, em tôrno de uma sala regular jornais espalhados sôbre a mesa, e na parede defronte leu com pasmo o seguinte, em letras maiúsculas, bem impressas em papel verde: FOLHINHA CIVIL PARA O ANO DE 1938 “Seus olhos fixaram-se logo no título de um jornal meio desdobrado que dizia assim: “DIÁRIO DO NORTE” “e logo abaixo: Brasil, Província de Minas do Norte Montes Claros. “...Fechou os olhos e tornou a abrí-los, moveu os braços, as pernas, a cabeça, para certificar-se de que não estava sonhando... “Não podendo resistir à curiosidade, continuou a ler, de longe, o jornal. No princípio da primeira coluna estava em caracteres maiores, o expediente: “Rogamos aos nossos assinantes desta capital... “O bom do alferes estava atordoado! E a alucinação tornou-se mais completa ainda, quando chegaram-lhe aos ouvidos o ruído de carruagens que corriam na rua e confusamente, o sibilo longínquo de máquinas de de ferro. Distante, bem distante, os sons de muitos sinos que repicavam e um vago rumor de gritos, de carros, de animais, estavam a confirmar-lhe no espírito, a existência de uma rica cidade. “De novo, sem ter liberdade de movimentes, desceu a vista sobre um outro jornal dobrado em cima da velha mesa. Não pôde ver o título, mas sômente as primeiras linhas de um artigo que começava por estas palavras: “Os dois grandes partidos nacionais, o monarquista e o republicano vão brevemente enfrentar-se...” Ainda em outro órgão, na extremidade da mesa, o Rocha percorreu, ligeiramente, com a vista, as epigrafes de uma página de anúncios: “Companhia de estrada de ferro do S. Francisco — Grande fábrica sabões e veias. Oficinas de couros preparados — Presuntos e outros produtos de carne suína — Engenheiro central de açúcar. “__Com certeza enlouqueci! — pensou João Rocha. Que maravilhosa utopia! Montes Claros capital! Minas do Norte! Caminhos de ferro, fábricas, igrejas, fõlhas diárias, tanta coisa! E depois... 1938! ... Eis ali temos mais: S. Ex. o Sr. presidente desta província de Minas do Norte... Te Deum na Catedral de S.José?! As letras estão a tremer-me a saltitar-me dinte dos olhos!... “O que é aquilo? Ah! “Escola de agronomia... colégio de humanidades.” Ali parece que diz — Banco Rural de Minas do Norte... Muito bem! “De repente alguém falou na rua: “— Aí vem em marcha o batalhão de linha”! Os policiais estão aquartelados, e os urbanos vão fazer uma diligência importante, junto à Igreja de São Sebastião... “João Rocha continuou a ler numa fôlha, sem poder estender o braço e apanhá-la: “S. Exc. Revdma. o sr. Bispo desta diocese de Montes Claros administrará o crisma hoje na igreja das Mercês, ao Alto da Vitória, e regressará ao palácio episcopal, passando pela capela de S. Benedito, no bairro do Cintra e tocando na igreja de Santo Antônio “Mais adiante dizia: “Palácio da presidência _ S. Ex. o sr.- dr. Chefe de polícia ordena que...” “Voltou ao jornal dos anúncios: “Grandes lavras de Grão Mogol — Companhia de extração de diamentes – Bom emprêgo de capitais”. Noutra coluna anunciava-se “Navegação a vapor — S. Francisco — O vapor Guaicuí, na sua segunda viagem redonda, com escalada pelos portos de Extrema e S. Romão, demorando-se-a um dia para cargas e passageiros, no pôrto da de S. Francisco. O carregamento será feito no porto de Januária à consignação da casa de ...” As lebras dançavam e confundiam-se. “Momentos depois leu ainda: “Via férrea Diamantina-Ramal do Rio Pardo...” Por baixo estava um anúncio de Fábricas de ferro: “Na importante de S. João Batista vende-se ferro em barra; transporte fácil para esta capítal, pela estrada de ferro Bahia-Minas...” “Não pôde continuar. Um tiro de peça, depois outro e mais outro retumbaram no espaço, e fizeram-no tornar da singular alucinação”. 1901 — Por ato do Govêrno do Estado, é promovido o então Juiz de Direito da Comarca de Diamantina, dr. Amtônio Augusto Velloso, para a Comarca de Ouro Preto. 1916 — Por proposta do Escrivão do 1.° Ofício da cidade de Montes Claros, Alfredo Augusto Velloso é nomeado pelo Juiz de Direito da Comarca, para o cargo de Escrevente do referido Cartório. 1947 — Falece Deraldo Calixto de Carvalho aos 67 de idade. Nasceu em Espinosa, Minas, e começou a prática em profissões humildes mas, graças ao esforço próprio e à extraordinária capacidade comercial, conseguiu ser um dos mais destacados e1ementos do comércio de Montes Claros, impondo-se pelo trabalho e reconhecida probidade. Embora semi-analfabeto, alcançou pela inteireza de caráter e pesição granjeada como um dos mais sólidos esteios do meio comercial, ser membro do Conselho Municipal de Montes Claros. Era casado com dona Ormezinda Soares de Carvalho. 1952 — Falece José Rodrigues Fróis. Nasceu em Montes Claros, filho do cap. José Rodrigues Fróis e dona Maria Pereira dos Anjos. Foi comerciante em Montes Claros tendo-se casado, em primeiras núpcias, com dona Emerenciana de Siqueira Fróis e, em segundas, com dona Maria da Conceição Lima Fróis.
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