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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Aconteceu em abril Manoel Hygino dos Santos (Jornal Hoje em Dia) Daqui dezenas de anos, ainda a chacina de Realengo será tristemente lembrada. As pessoas que passarem pelas imediações apontarão a escola que tem o nome de um escritor hoje pouco conhecido e dirão: ´Ali aconteceu em abril de 2011´. Quem poderia ou deveria ser responsabilizado pelo massacre? O esquizofrênico que disparou 62 vezes contra crianças indefesas? Os pais de criação, que não souberam ou não puderam oferecer-lhe tratamento adequado? A ciência que ainda não descobriu meios terapêuticos de evitar essas tragédias? As autoridades policiais que permitiram que as armas fosse parar nas mãos do homicida? Da direção da escola que não tinha suficiente número de funcionários para impedir o ingresso de um quase desconhecido em suas dependências? Dos que possibilitaram que aparelhos modernos lhe chegassem às mãos e lhe criassem a fantasia macabra que esse doente mental usou num ritual inusitado no Brasil? Deverá a sociedade ser incriminada pelo assassinato coletivo? Ou ninguém pode ser acusado pela urdidura do projeto maligno e sua consumação? O tempo fluirá sem que se alcance conclusão aparentemente clara, sensata, irretorquível. Não resta dúvida de que o morticínio foi premeditado, laborado por cérebro doentio de alguém com inteligência e conhecimento pleno dos fatos, personagens e locais em que agiria. Nossos loucos estão soltos e prisão não resolve seus problemas. Da confusão mental em que vivia o homicida do Rio, pode-se extrair prova contundente com algumas de suas considerações, encontradas após a chacina. Por exemplo: ´A luta pela qual muitos irmãos no passado morreram e eu morrerei não é exclusividade pelo que é conhecido como bullying. A nossa luta é contra pessoas cruéis, covardes, que se aproveitam da bondade, da inocência e da fraqueza de pessoas incapazes de se defenderem´. O atentado não foi exatamente contra os cruéis, porque atingiu meninos da Escola do bairro carioca, desde então estigmatizado pelo crime hediondo. Por ele ninguém será punido, talvez os fornecedores de armas assassinas, vendidas regulamente no comércio de norte a sul do país. O Brasil se vai tornando uma nação desalmada e armada, sem o que não haveria esse turbilhão incessante de mortes por múltiplas razões, ou sem razão alguma. Uma das editorias mais trabalhosas na imprensa é a de polícia, que recebe dezenas de relatos e denúncias de crimes, a cada dia. Longe da Cidade Maravilhosa, estudante de uma escola em Francisco Dumont, no norte de Minas, viveram momentos de terror no dia 13 de abril, quando um aluno entrou armado com revólver e um facão na sala de aula, após discutir com a professora. Isso na pacata e modesta cidade de hoje, que foi distrito de Bocaiuva e já se chamou Conceição do Barreiro, terra natal de minha mãe. Na minha cidade de nascimento, são quase 30 o número de assassinatos este ano. E a tudo assistimos sem nada fazer, a não ser o registro como ora fiz e termino.

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