Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: Dever de casa Waldyr Senna Batista Nessa questão da montadora de automóveis BMW, jamais se saberá com segurança quem de fato deu com a língua nos dentes, rompendo a “cláusula de confidencialidade” que integrava o acordo da empresa com o Governo do Estado. A secretária Dorotheia Werneck responsabiliza o prefeito Luiz Tadeu Leite pelo deslize e ele jura inocência, de pés juntos. Mas, a esta altura, será irrelevante apontar culpados, pois a eliminação de Montes Claros nessa disputa é irreversível. Pode servir apenas como dura lição de que, conforme o antigo brocardo, o segredo ainda é a alma do negócio. O prejuízo será grande para o Estado e maior ainda para o município, embora não se tratasse de fato consumado e, sim, de lista que passaria pelo confronto com outras ciddes e intensa guerra fiscal. Entretanto, se servir de consolo, só o fato de ter figurado na lista depõe a favor da cidade. Para Montes Claros, que atravessa crise de autoestima, a instalação aqui de montadora de automóveis, com sua incalculável capilaridade, seria a salvação da lavoura. A fase é tão negativa, a dezenove meses do término da administração (a contagem regressiva já começou), que a Prefeitura se apega a ações que, em situação mais favorável, seriam contabilizadas na coluna de rotineiras. Como a fase é de maré baixa, até a retomada da operação tapa-buracos tem sido destaque, com releases distribuídos à imprensa. O mesmo aconteceu com a apresentação do projeto de urbanização do Feijão Semeado, onde se pretende construir conjunto habitacional que, de concreto, só tem a maquete, que, publicada nos jornais, impressionou pelo belo colorido. Estranhou-se que a caprichosa poda de árvores nas ruas centrais não tenha tido igual tratamento, que seria merecido por ter arejado a paisagem. Compreende-se, assim, por que a cogitada possibilidade da instalação da BMW tenha produzido tanto “frisson”, ao ponto de a notícia ter fugido ao controle, sendo festejada com entrevistas coletivas e referências entusiásticas, aqui e em Belo Horizonte, daí se depreendendo que o Governo do Estado acaba tendo parcela de culpa. Seria a “notícia do século”, como o historiador Hermes de Paula classificava a chegada dos trilhos da Central do Brasil, nos idos de 1927, que deu a Montes Claros o status de cidade importante; e, na segunda metade do século passado, com o advento da Sudene, que a elevou ao patamar de cidade industrializada, do que ficaram como prova grandes empresas no Distrito Industrial. A ferrovia está virtualmente paralisada, limitando-se a inexpressivo volume de transporte de carga; e a Sudene foi sumariamente desativada. Mas nova fase positiva está despontando, com a anunciada exploração do gás natural no vale do São Francisco e a extração do minério de ferro na região do rio Pardo. Esses dois empreendimentos que, apesar de relativamente distantes, provocarão reflexos em Montes Claros, por ser ela a mais importante cidade do Norte de Minas. Alijada da disputa pela BMW, devido a incontinências verbais, e, entre outras coisas, por falta de sangue frio, cabe agora ao Governo do Estado e à própria administração municipal aproveitar esse novo fluxo. No caso, a disputa se processará com o Estado da Bahia, devido à proximidade das jazidas do minério, tendo como principal suporte o porto de Ilhéus; e dos campos de gás, graças às facilidades de navegabilidade do rio São Francisco em território baiano. Montes Claros deverá usufruir dos reflexos a serem produzidos pelos dois empreendimentos. Porém, terá de fazer o dever de casa, sob pena de explodir por não suportar o violento impacto da esperada demanda urbana e social. Nas condições atuais, o que seria a grande noticia deste século, poderá transformar-se em desastre. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima