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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Nas Trilhas de Camões e Cervantes Cada viagem é um renascer. Não sei se a paixão que sinto pela Espanha é devido ao meu nome. Ou, é devido aos livros de Ernest Hemingway que li, ou de filmes como “Sangue e Areia”, ou dos perfumes usados na mocidade com os exóticos nomes “Embrujo de Sevilha” e “ Suspiro de Granada”. No meu imaginário é tudo isso. Atravessamos a fronteira e chegamos à Galícia, onde se fala o galego parecido com o português de Portugal. Passamos por vilarejos antigos cujas casas eram de granito. Chegamos à Santiago de Compostela! Meu lado andarilho se encontrou. Na Catedral situada na Praça do Obradoiro, um conjunto de prédios históricos forma a moldura da imensa catedral. Alguns peregrinos esperavam a missa das 19 horas, sentados ao lado dos cajados. Nos rostos, expressão de paz, harmonia e serenidade. Atrás da Catedral ruas estreitas, pracinhas floridas, cafés, lojinhas de lembranças, formam um conjunto encantador. De Santiago de Compostela, partimos em direção a Salamanca considerada uma das cidades mais belas da Espanha. A Universidade de Salamanca é uma das mais antigas da Europa. Lá aconteceu a história do “ovo de Colombo”, que atravessou séculos até os dias de hoje. Como todas as cidade da península Ibérica, possui uma importante Catedral, em estilo gótico - renascentista – barroco, cujo destaque é o nicho atrás do altar, com lindíssimos painéis. Em Salamanca está a Plaza Maior considerada a mais bela de toda Espanha possui arcadas, cafés, lojas de grife, e do lado leste fica o grandioso Pavilhão Real. Ao entardecer, a luminosidade da tarde, realça o conjunto. Época de férias da Páscoa, jovens tocavam, cantavam e sua alegria contagiava a todos. Em direção a Madrid, passamos por Ávila e suas muralhas medievais, terra de Teresa de Ávila, mística e doutora da igreja católica. Em seguida chegamos ao Escorial – Mosteiro, Palácio e Panteão – onde estão sepultados os reis de Espanha. Por estar fechado, não conhecemos o “Vale de los Caídos”. A construção desse memorial levou 18 anos e os operários foram os prisioneiros republicanos do regime franquista. A maioria morreu nessa construção, pois a sílica da pedra atacava os pulmões. Ao ver a imensa cruz de 150 m. de altura, desfilaram em minha memória: Dolores Ibarruri – La Passionária – que disse: “Prefiro morrer a viver de joelhos”. O poeta Garcia Lorca e homens do mundo inteiro que deram sua vida por um ideal. Com os horrores da cruel guerra civil espanhola na memória chego à Madrid. Mosteiros, igrejas, palácios; Plaza Maior e a “Puerta del Sol, linda, caliente como toda a Espanha. Plaza de Espanha com o monumento a Cervantes. A Gran Via, a Praça da sedutora deusa Cibeles, cuja fonte a embeleza mais. Museus do Prado e Reina Sofia. Goia, Velásquez, Picasso! Goya retratando o cotidiano da vida espanhola, Velaquez o encanto das “Treis Meninas”, e Picasso retratando a tragédia de Guernica. Puerta del Sol, com seus canteiros tingindo de vermelho – vivo as papoulas e tulipas da primavera. Vejo-as como um retrato da Espanha: Trágica, sanguínea, sensual, apaixonante. A Plaza de Toros de La Venta, com arcos, galerias, arquitetura mourisca. As estátuas de dois famosos toureiros espanhóis enfeitam a Plaza Antonio Bievenida, e José Cubero. Na minha imaginação revejo Manolete e Juanita Cruz em seus “Trajes de Luces”. Juanita Cruz, toureira dos anos 30, teve que deixar a Espanha por ser mulher! Sempre o famigerado preconceito! Toledo antiga capital da Espanha, situada sobre uma colina acima do rio Tejo, que lá se chama Tago. Atrás de antigas muralhas, a cidade reúne a cultura cristã muçulmana e judaica. É impossível descrever a beleza, a suntuosidade, o esplendor de sua Catedral. Inesquecível o ostensório de prata e ouro, com mais de treis metros de altura que é levado pelas ruas da cidade no dia de Corpus Cristi. Nessa Catedral está uma imagem da Virgem Maria, chamada “Virgem blanca” apesar da cor da pele ser de um moreno acobreado. No seu rosto um sorriso de encantamento, brincando com o menino Jesus e ele também sorrindo, segura no seu queixo Em todas as imagens, Maria mostra um rosto sofrido, suave, às vezes resignado, ora serena; mas, nessa imagem ela sorri, simbolizando a mãe encantada com seu filho bebê. Se tivesse de escolher um termo para definir como me senti, após conhecer Toledo e sua Catedral Seria: alumbramento! O belo está presente nas igrejas, nos palácios, na pintura, na arquitetura mourisca, nos vitrais, nas fontes. Oitocentos anos de civilização árabe deixaram sinais para sempre. A música é um lamento rascante, pátios com fontes, o flamenco, toureiros, moinhos de vento, festas exuberantes, procissões religiosas, culinária deliciosa, paellas, frutos do mar, jamon, marzipãs. Puxei pela memória recapitulei aulas de historia e elas voltaram como inundação. Realidade e fantasia se mesclaram. El Cid, D.Quixote de La Mancha, a pavorosa Inquisição Espanhola, o Tratado de Tordesilhas. A Espanha é uma diversidade. Tem quatro línguas oficiais. É uma terra de magia e alegria, mas é também trágica. Despeço-me da Espanha com um cálice de “ Lacrima Cristhi”, canto uma estrofe da Internacional, parabenizo o clube Barcelona pela conquista do campeonato espanhol. Espanha, país de contrastes, e são esses contrastes, que a tornam fascinante! Olé! Dedico esta crônica a amiga Graça Prata Ramos, sua filha Sofhia em Madrid e a seus pais Antonio José e Ondina Prata Ramos em Lisboa.

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