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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: MONTESCLAREADAS Nos anos 50, meninos viviam soltando arara na Praça Coronel Ribeiro, ou tomando um Guaraná Brotinho no bar de Nelson Vilas Boas. Lá, o notável professor Pedro Santana bebia a sua cerveja casco verde e falava de filosofia platônica. Sempre bem vestido, sorriso comedido, gestos largos e teatrais. Pela rua Doutor Santos, passava os blocos de carnaval de rua com Dona Afra Bichara fantasiada de baiana, estilo Carmem Miranda. Nos salões do Clube Montes Claros, a foliona Nice David desfilava como a Rainha do carnaval de Montes Claros. Lazinho Pimenta comandava o grito carnavalesco gritando: “Evoê foliões!”. As festas de santo e de fogueira na casa de Malaquias Pimenta eram a bossa do momento. Mesa farta e uma pinguela feita de tronco de árvore servindo como ponte para a travessia até o Roxo Verde. Meninos e meninas liam o Almanaque Biotômico Fontoura, que ganhavam na farmácia de Cica Peres. No bar do Tiano, no Mercado Municipal, escutávamos uma vitrola RCA VICTOR tocando em um bolachão de acetato Cauby Peixoto cantando... “O amor é uma pérola rara/e tem a cor de um rubi...” Comíamos um pastel recheado só de vento quente e degustávamos o indefectível picolé gororoba de groselha (água pura!) do Bar Sibéria, enquanto Biô Mia e Carlúcio Ataíde tomavam uma cerveja casco escuro. Afonso Salgado bebia e o seu cavalo o vigiava pela janela, Dulce Sarmento tocava elegantemente em seu piano de cauda, Bigode de Arame passava arredio rumo ao seu quarto nos fundos do Cine Coronel Ribeiro. Maria Babona pedia esmola pelas ruas carregando um filho no colo! Tuia, o folclórico escravo ainda vivo, era visto chupando bico no seu quarto de madeira na redação do Jornal de Montes Claros. A elegância de Benedito Gomes, João Ataíde, João Chaves e Píndaro Figueiredo vestindo ternos de linho S 120 branco. João Chaves de gravata borboleta e Píndaro com sapato bico fino duas cores, faziam sucesso. Havia as bolachas tipo pastilha da padaria de Seu Tota, que grudavam no céu da boca, em frente ao estúdio de Godofredo Guedes. Na época, Patão era chamado Pé de Pato e Hélio Notinha já aplicava chaveta com figurinhas carimbadas. Degustávamos os deliciosos salgados de Dona Zeny Priquitin, as caçarolas italianas de Duca e Nazaré. A laranjada queimadinha com bicarbonato ao lado da loja do russo, de Joel Stark. As brincadeiras de Estrac Deixa, as brigas de rua com a turma de Odorico Mesquita no centro, de Zé Doido e Capa Preta na Igrejinha, Gabilera no Alto São João e Tatá Aquino na Rua Belo Horizonte. As guerras com caroço de mamona, estilingue feito de borracha de câmara de ar de bicicleta sueca. Os roletes de cana caiana, as bicicletas novas na loja de Waldir Macedo, o álbum de fotografias com capa de madeira com a gravura de capa... Bem me quer, mal me quer... A alegria das bolas G18 de capota e as peladas no campo de lama da rua Germano Gonçalves, briga com o time do Alto São João, Cinzano tomado escondido às margens do rio do Melo. Canivete Corneta, isqueiro Ronson, alparcatas Roda, pente Flamengo, Gumex no cabelo, corte Príncipe Danilo, óculos modelo Ronaldo, camisa Prist, botinha solado “new life” e o barulho sincronizado do motor do Simca Chambord. Um relógio Tissot Militar, meias Lupo, lança perfume Rodoro de metal, Aqua Velva no rosto, cheiro de sabonete Madeiras do Oriente. Camisas de gola buclê e banlon, garotas desfilando com modelos Bangu, picolés Esquibon da caixinha, a marchinha de carnaval... “Chiquita Bacana/lá da Martinica/se veste com uma casca de banana nanica/não usa vestido/nem mesmo calção...” E as balas de chocolate do bar de Adail Sarmento...

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