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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Norte de Minas Gerais está desbancando regiões mais ricas do estado - Luiz Ribeiro/Marta Vieira/Paulo Henrique Lobato - Castigado pela seca, com infraestrutura deficiente para escoamento de produtos agrícolas e industriais e ainda marcado por fracos indicadores de desenvolvimento social, o Norte de Minas Gerais está descabancando regiões mais ricas como o Sul de Minas e Triângulo Mineiro em volume de investimentos privados prometidos para o estado. A região é a segunda do ranking estadual de recursos anunciados por empresas nos últimos 12 meses para implantação ou expansão de negócios. Desde junho de 2010, 61 projetos foram apresentados ao governo mineiro com um cronograma de implantação até 2015, quase a totalidade na indústria. No total, são R$ 13,513 bilhões, dos quais R$ 287,1 milhões ainda não têm local definido. O Norte mineiro abocanhou R$ 3,784 bilhões, um naco de 28,6% do total previsto, só perdendo para a Região Central de Minas, que sozinha responde quase a metade do conjunto da produção de bens e serviços mineiros, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). No bolo das intenções de investimento formalizadas ao governo, o Norte ultrapassou, além do Sul e do Triângulo, outra três regiões mais industrializadas: Zona da Mata, Vale do Rio Doce e Centro-Oeste. O levantamento foi feito pelo Estado de Minas com base nos protocolos de investimentos firmados pelas empresas e divulgados pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico. Há perspectivas de criação de 14,2 mil empregos diretos e mais de 50 mil na cadeia dos prestadores de serviços, do fornecimento de matérias-primas e insumos ao transporte das mercadorias. Investimentos em mineração de ferro definidos pela empresas Sul Americana de Metais/Votorantim, a chinesa Honbrigde Holdings e a Vale S.A, a expansão da indústria de calçados de segurança Marluvas e da Imbó Beneficiamento de Borracha garantiram a boa surpresa na região Norte , com a promessa de criar 27,7 mil empregos diretos e indiretos. Os valores expressivos de investimentos que vão beneficiar ao Norte se referem aos planos das mineradoras, no entanto, o setor deverá impulsionar outros setores, na avaliação da secretária de Desenvolvimento Econômico, Dorothea Werneck. “Com a confirmação da existência de gás natural na Bacia do Rio São Francisco (na semana passada), a meta é atrair novos investimentos que usem o combustível e permitam a transformação do minério do Norte de Minas em produtos de alto valor na própria região”, afirma a secretária. No caminho das reservas minerais do Norte, os municípios de Rio Pardo de Minas e Grão Mogol já mostram uma rotina diferente, entendida como sinal de uma onda de desenvolvimento. HOTÉIS O próprio prefeito de Rio Pardo, Antônio Pinheiro da Cruz, é quem puxa a fila dos investidores locais. Dono do hotel Pinheiro Palace, ele começa a se acostumar com a presença, entre os hóspedes, dos técnicos chineses que atuam na mineração e planeja investir R$ 2 milhões num outro empreendimento do mesmo ramo. “Quando assumi a prefeitura em 2004, só havia duas farmácias na cidade. Hoje, temos 10 lojas e o preço do metro quadrado no centro do município valorizou 500%. Passou de R$ 200 para R$ 1,2 mil”, afirma. Em Grão Mogol, a movimentação das mineradoras e prestadores de serviços de pesquisa mineral também desperta a atenção de investidores em hotelaria e na indústria da madeira, informa o prefeito Jeferson Figueiredo. “A nossa expectativa é grande com as consultas que já recebemos de empresários interessadas em construir pousadas e hotéis, além de serrarias”, diz. O Ministério da Educação firmou convênio com a prefeitura local para investimentos de R$ 7,5 milhões na construção de uma escola técnica, com capacidade para atender 1,2 mil alunos por ano nas áreas de mineração, meio ambiente, manutenção elétrica e mecânica. Outro município que está se beneficiando dos investimentos destinados ao Norte mineiro, Capitão Enéas, com seus 15 mil habitantes, mostra que as possibilidades de crescimento da economia vão além da indústria mineral. A cidade experimenta uma reviravolta em função da chegada da indústria de calçados de segurança Marluvas, inaugurada em maio, com a perspectiva de gerar inicialmente 400 empregos e de chegar a 1,2 mil postos de trabalho até o fim do ano. O investimento é da ordem de R$ 12 milhões. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de Capitão Enéas, Walter Abreu, a prefeitura está negociando a instalação de empreendimentos que atenderão a fábrica: frigorífico, um curtume, uma transportadora e uma metalúrgica, fabricante de componentes metálicos dos calçados profissionais. Ex-ministro da Fazenda Paulo Haddad, dono da Phorum Consultoria, alerta que a economia de Minas ainda é muito dependente das regiões mais ricas e a desconcentração para o Norte dependerá de muito planejamento pelo setor público para incentivar os investidores.

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