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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 29 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: Mataram até o padre! José Prates As notícias que nos chegam sobre os últimos acontecimentos em Montes Claros, nos falam de fatos que em nada diferem de qualquer grande centro urbano, quer do Brasil ou mesmo de outro país. Em se tratando, porém, de uma cidade do sertão mineiro, que cresceu, chegando ao status de metrópole e onde uma pequena parcela da população ainda não se habituou ao que em outros lugares pode ser até, comum ou natural, essas noticias são chocantes e mostram que a cidade cresceu, desenvolveu-se política e comercialmente, sem se preparar para as conseqüências paralelas do desenvolvimento, como a violência que nasce e cresce com o aumento populacional. O montesclarense, o sertanejo, aquele que aprendeu a ver no outro um irmão ou, pelo menos, uma espécie de parente porque é da mesma terra, da mesma rua, não aceita e amedronta-se com essa violência sem razão que mata o semelhante a troco de nada, ai, na cara de todo mundo, sem saber por que. Mataram o Padre Romeu Drago! A notícia emudeceu a todos, levando lá pra cima, a pressão arterial de muita gente. Ninguém de alma sertaneja, crente em Deus e fiel à Igreja como todos são, nunca levantaria se quer a mão contra um sacerdote, imagine uma arma para lhe ceifar a vida. Hoje isto acontece em Montes Claros que perdeu a inocência no mundo da competição. Semana retrasada foi Janinha, assassinada covardemente por um “amigo” que conheceu na internet. Esse assassinato buliu forte com todo mundo e não se via outra coisa nas páginas policiais da imprensa local. A polícia agiu rápida e o assassino já está preso. É chocante qualquer uma dessas notícias quando recebidas por pessoas que conheceram Montes Claros na simplicidade de uma vida comunitária com jeito e ares de família. Não é difícil de acreditar no que está acontecendo, mas, é difícil de aceitar a realidade que é a transformação daquele lugar tranqüilo e poético num grande centro populacional onde a violência incontrolada transforma o que era belo em horripilante; o que era alegria em tristeza. Imaginem aquele habitante idoso que viveu a Montes Claros sertaneja com sua beleza simples e a poesia no linguajar, vivendo hoje, o martírio do medo nas ruas sem proteção; imaginem a saudade que toma conta da alma dessa gente acostumada ao sossego, vivendo o pandemônio nas ruas apinhadas de carros que chegaram com a metrópole, levando embora a tranqüilidade e a poesia que reinavam na convivência de um povo alegre e despreocupado, sem conhecer violência, cujo policiamento, apenas, para constar, resumia-se em Zé Idálio, soldado PM, que atendia a todos porque de todos era conhecido. Os que vivem de lembranças, como nós, somos poucos, eu acho. O resto já nasceu e cresceu nesse ambiente metropolitano e a ele habituou-se, não sentindo os seus efeitos, inclusive a banalização da vida. O progresso completo de uma cidade ou de uma nação é um alvo atingido pela sua população em ações coordenadas com igualdade de interesses que permitiram, passo a passo, chegarem a ele. Quase sempre, o progresso amedronta os mais arraigados ao passado que se recusam a viver o desenvolvimento, temerosos de perderem as suas raízes. Não resta dúvida que viver a poesia da tranqüilidade de uma vida pacata e romântica, supera e elimina o pavor da agitação que o progresso conduz. Essa vida é própria de alguns aposentados, poucos, eu sei, que na cadeira de balanço, de livro na mão, vivem o passado, lendo os romances de Zé de Alencar. Fecham os olhos ao presente e concentram-se no passado, dizendo para si mesmo: “isto que era vida!”. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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