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Mensagem: Empresário acusado de fraudes milionárias em prefeituras do Norte de MG volta a ser preso Maria Clara Prates - O cerco aos responsáveis por um golpe de mais de R$ 100 milhões contra os cofres de 15 prefeituras do Norte e Nordeste de Minas, algumas delas as mais pobres do país, revelado em novembro passado pela Operação Conto do Vigário, está sendo ainda mais apertado. Depois de várias derrotas nos tribunais para tentar se livrar da prisão, um dos homens fortes do grupo de fraudadores, o advogado e empresário Wallace Ribeiro Almeida, dono da APM Assessoria Pública Mineira, com sede em Montes Claros, foi obrigado a retornar ao presídio daquela cidade. Por determinação da desembargadora Beatriz Pinheiro Caires, o benefício de prisão domiciliar concedido a ele foi cassado. Durante a Operação Conto do Vigário, coordenada pelo Ministério Público Estadual, 18 pessoas foram presas e realizadas várias buscas para apreensão de documentos de mais de uma dezena de empresas, suspeitas de participar de fraudes em licitações, compras fictícias e superfaturadas, além do pagamento de propina. Outro duro golpe na organização criminosa, apesar de em instâncias diferentes de apuração, foi a cassação do então prefeito de São Francisco, o padre José Antônio da Rocha Lima (PT), na última semana, pela Câmara Municipal. Ele já estava afastado do cargo, por determinação judicial, desde o início da investigação que demonstrou que ele era um dos principais operadores e beneficiários das fraudes. O depoimento do empresário Marcelo de Souza Santos, dono das empresas Omega Assessoria Contábil e Júnia Maria Diniz, e a vasta documentação apreendida funcionaram como a pá de cal para a derrocada do prefeito. O empresário apresentou contrato com o município no valor de R$ 84 mil para digitação de documentos e afirmou que foi obrigado a devolver, em espécie, R$ 50 mil ao padre administrador. Por ironia, em frente a uma igreja. A estimativa é que somente em São Francisco o grupo tenha abocanhado R$ 5 milhões. Cassação De acordo com o Ministério Público Estadual, para ganhar a confiança de vários prefeitos da região, o grupo, que teria como um dos cabeças o empresário Wolnei Márcio Almeida, o Marcinho de Su, irmão de Walace, contou com apoio de políticos e, em troca, financiou campanhas. Entre a papelada apreendida durante a operação foram encontradas as contabilidades paralelas de campanhas eleitorais de dois deputados: o estadual Arlen Santiago (PTB) e o federal e estreante José Silva Soares, o Zé Silva (PDT), que comandou a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de 2003 a 2010. Cópias dos documentos foram encaminhadas ao Ministério Público Federal pelo promotor Paulo Márcio da Silva, coordenador dos trabalhos de investigação, para instauração de processo eleitoral, que pode resultar em cassação dos parlamentares. Segundo o documento, ficou configurada a “utilização de ‘caixa dois’ a configurar, em tese, abuso de poder econômico, com força de influenciar ilicitamente o resultado da disputa eleitoral para a Câmara Federal e Assembleia Legislativa de Minas”. Na contabilidade paralela apreendida na casa de Izabel Christina de Carvalho Francino – mulher do empresário Fabrício Viana de Aquino, acusado de fazer parte da organização criminosa – estão registrados recursos não declarados pelos deputados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MG), no total de R$ 140 mil. O dinheiro teria sido destinado ao pagamento de vereadores e lideranças comunitárias que atuaram em suas campanhas, em Januária, além de notas ficais de compra de combustível para cabos eleitorais, shows, plotagem, aluguel de veículos, de jogos de camisa de futebol, cestas básica e um bezerro para distribuição aos eleitores. Tanto Arlen Santiago como Zé Silva negam qualquer irregularidade em suas contas de campanha e garantem desconhecer a atuação do grupo em favor deles. Mas junto com a notas fiscais o MP apreendeu também uma relação com a lista de beneficiados, cerca de 30 pessoas, durante a eleição em Januária, com identificação, função e o respectivo CPF. Audácia Ainda debruçado na apuração das inúmeras irregularidades, o promotor Paulo Márcio afirma: ´É uma grande organização criminosa que atua no Norte de Minas. Os fatos que estamos apurando são gigantescos, que chocam pela audácia. O Norte é uma região muito carente e as fraudes ocorrem em áreas muito sensíveis, como a de medicamentos.” Para ele, com base na documentação analisada com auxílio da Receita Estadual, o grupo criminoso oferecia ´aos dirigentes municipais um verdadeiro menu de serviços´.
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