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Mensagem: RUA BOCAIÚVA (Final) Alberto Sena Com leveza e ternura, a escritora Ruth Tupinambá Graça conta-nos que a Rua Bocaiúva ‘era tranquila, pouco iluminada, e de ponta a ponta cheinha de casas residenciais. As famílias se visitavam, constantemente, num relacionamento perfeito. Era como se fosse uma só família. As casas com telhado coloniais antigos, escurecidos pelo tempo, onde o lodo se acumulava, agarradas uma as outras, pareciam eternamente abraçadas e cochichando’. A Rua Bocaiúva era também a rua da ‘Miss Montes Claros’, Dilemar Espíndola, onde ela amealhou as melhores lembranças da infância, da adolescência e também da fase adulta. Ali na Rua Bocaiúva, ela construiu sólidas amizades. Entre as ruas General Carneiro e Corrêa Machado, onde morou até se casar, a turma dela era das mais animadas: os irmãos Robério, José Geraldo, Carmen Lúcia, Fátima e Jonas Antunes; Marli e Mariza Caribé; Nailê e Nilza Domiciano; Claudete França, Vânia Nunes; Geraldinha, Martha, Clareth e os seus irmãos, João José e Francisco Gomes, chamado Chico, filhos de Milenardo Gomes, disputado ‘mestre de obras’ em Montes Claros. Ali naquela rua a turminha andava na enxurrada. Brincava de chicotinho queimado, maré, e fazia puxa de limão com açúcar e ‘a brincadeira de comunicar com espíritos’ por meio de copos de vidro sobre a mesa. ‘Vivi ali por 30 anos’, contou Dilemar. E ela se recordou das festas dos catopés, na antiga União Operária, ‘onde morava Leonel Beirão de Jesus, festas que eram esperadas o ano inteiro’. Lembrou dos integrantes com as faixas esvoaçantes presas aos turbantes enfeitados de espelhos que refletiam a luz do sol. A memória dela não deixou escapar nem a boneca de Leonel, que de certo modo a assombrava. Estas, segundo ela, ‘são as doces e maravilhosas recordações da minha rua’, exclamou. Nesse ponto da conversa foram lembrados os nomes do taxista Mário Alencar e d. Socorro, pais de Jomerson, chamado ‘Bebé’ e irmãos, que jogavam futebol no Ateneu. E se recordou também de Hélio Brito, que morou abaixo da Rua Januária, perto de onde Jonas Antunes Marques tinha uma padaria. Por ali morava também a pianista Marli Guimarães, filha de Tonico. Ela tinha ‘comissão de frente avantajada, sem silicone, que naquela época nem existia’, comentou Dilemar. Morava ali ao lado da casa de ‘Emyr da Loteria’. Em frente, era a casa de ‘João Boiadeiro’, pai de Elenora e Elaine. Na casa ao lado morava a família de Tino Gomes. Nessa época Tino dava os primeiros passos rumo à vida de cantor e show man. O pai dele, Expedito, chamado Dito, era craque de futebol. Brilhou no Ateneu e em times profissionais. Moraram por ali também ‘seu’ Paschoal e d. Alzira, que pesava quase 200 kg. Tinha também a família dos Teixeira. Morava na esquina das ruas Bocaiúva com Januária. Segundo Dilemar, ‘era um pessoal bonito pra caramba’. E do outro lado, era a casa de Helenice e Léa Alkimin, ‘famosas pela beleza e elegância’. A família de Olímpio Campos morava ali, ao lado da casa de Joãozinho e Jubber Carneiro. Em frente à casa dos Gomes, quem morava era ‘seu’ Cristiano Ruas, chamado Quias, que consertava geladeiras e tinha os filhos, Lóis, Miltinho e Beto. Beto sumiu no mundo. Nunca deu noticia do seu paradeiro à família. Ao lado da casa de ‘seu’ Quias morava Benedito Maciel e d. Zoca, pais de Luciano, Mariza e dr. Benedito Maciel. Benedito, o pai, era irmão de Nivaldo Maciel ‘e encantava as nossas madrugadas com a sua voz melodiosa’. Viveram também a Rua Bocaiúva as famílias de Jair Geraldo Carneiro e Maria Maura Veloso Carneiro, pais de Jaime Carneiro e Antônio Eustáquio Veloso Carneiro, chamado Carneirinho, e o casal Mário Catão e Agripina Lopes, pais de Isabel Prates, que foi casada com José Venâncio Batista. Foi então que Carmen Lúcia chegou e entrou na conversa para lembrar d. Lucília, com 93 anos, que seria homenageada no Rotary no ‘Dia da Mulher’, mas se encontrava doente. E em seguida, indagou: ‘E Leal? Celsão? Os meninos de d. Bida e ‘seu’ Lero, da Dental? E Naram, linda, aqueles olhos verdes maravilhosos? Tenho muitas fotos daquela época, porque Robério, meu irmão, sempre gostou de fotografias’. Morava também na Rua Bocaiúva, Betinha, que se casou com o ex-padre Paulo. ‘Somos amigas irmãs até hoje’, disse Carmen. Morava também Josemar com a família proprietária de um armazém. Nessa época, as ruas Bocaiúva e Carlos Pereira disputavam o título de ‘rua com o maior número de moças bonitas por metro quadrado’. E não foi à toa que a Rua Bocaiúva deu a Montes Claros uma de suas ‘misses’.
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