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Mensagem: BRs 251 e 135 apresentam problemas e riscos aos motoristas - Luiz Ribeiro - Foi sepultado no fim de semana, em Fruta de Leite, Norte de Minas, a 662 quilômetros de Belo Horizonte, o corpo do motorista Wanderley Oliveira Silva, de 49 anos, uma das vítimas dos acidentes ocorridos no carnaval, na BR-251 (ligação entre Montes Claros e a BR-116/Rio-Bahia), estrada bem movimentada de Minas e também uma das mais perigosas. Conforme mostrou o Estado de Minas ontem, as rodovias federais têm contabilizado saldo trágico com a perda de milhares de vidas todos os anos, resultado de uma combinação entre omissão do poder público, estruturas rodoviárias ultrapassadas, traçados malfeitos e imprudência de motoristas. Somente neste ano, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), já foram registradas oito mortes na 251. De janeiro até agora, foram 24 óbitos nas rodovias federais que cortam o Norte do estado, sendo registrados oito em acidentes na BR-365, que liga Montes Claros ao Triângulo Mineiro, e outras oito mortes na BR-135 (trevo de Curvelo). A BR-251 tem um tráfego pesado de caminhões e carretas que viajam do Centro/Sul para o Norte/Nordeste do país. Seu movimento é de 10 mil veículos por dia. O trecho mais perigoso está na Serra de Francisco Sá, também apelidada de “curva da morte”, por apresentar uma sequência de curvas fechadas num terreno íngreme ao longo de quatro quilômetros. O trecho é bem sinalizado, com avisos de perigo e recomendação para a redução da velocidade, mas a sinalização nem sempre é obedecida e os acidentes no local são constantes. Foi nesta serra que Wanderley sofreu o acidente, quando dirigia uma ambulância de Fruta de Leite para Montes Claros, levando pessoas em busca de atendimento médico. Ao descer a serra, a ambulância foi atingida por um caminhão-baú, que viajava em sentido contrário. Ele ficou gravemente ferido, foi levado para a Santa Casa de Montes Claros, mas morreu na quinta-feira. Wanderley deixou mulher e quatro filhos. O mototaxista Ivânio Rodrigues da Silva, irmão do motorista morto, reclama do perigo em que se transformou a BR e pede providências aos responsáveis. “As condições da estrada estão péssimas. A pista está irregular e o asfalto, mal conservado, com sinalização deficiente. Em alguns trechos, a pista está muito escorregadia e o acostamento é ruim”, relata.O chefe regional do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) em Montes Claros, Antonio Péricles, reconhece que a BR-251 apresenta problemas, pois “tem um traçado antigo de quase 30 anos”. Porém, ele anuncia que o órgão está elaborando um projeto para restauração completa e “adequação da capacidade” da estrada, com previsão de alargamento da pista com criação da terceira faixa em alguns trechos, correção de curvas e reformas de pontes. “O projeto, que deve estar pronto no segundo semestre, vai contemplar o perigoso trecho da Serra de Francisco Sá, onde deverão ser feitas intervenções para diminuir os acidentes, como a terceira faixa ou mesmo a construção de segunda pista (variante)”. Aumento de ocorrências Já a BR-135, principal ligação entre Belo Horizonte e o Norte de Minas, depois de décadas de asfalto malconservado e muitos buracos, passou por restauração completa, que está chegando ao fim com o alargamento de 42 pontes. Mas, as melhorias provocaram efeito contrário: em vez de redução nos acidentes, eles aumentaram. Isso porque o fluxo de veículos passando pela estrada cresceu. “Com a restauração da rodovia, houve migração de grande parte dos veículos da BR-116 (Rio/Bahia) para a 135. Isso também fez aumentar a quantidade de veículos na 251,usada para o acesso até a Bahia”, diz um policial rodoviário federal que trabalha na região. “Com a estrada reformada, os motoristas estão correndo mais e isso aumenta os riscos de acidentes”, observa. Em 12 de fevereiro, o detetive da Polícia Civil Celso Gomes Nogueira, de 46 anos, trafegava pela BR-135, seguindo de Bocaiúva para Montes Claros, quando perdeu o controle da moto que pilotava. Ele saiu da pista e morreu na hora. O delegado aposentado Saulo Gomes Nogueira, irmão de Celso, disse que não consegue entender o que aconteceu. “O acidente pode ter sido provocado pelo fato de que, com a estrada ainda em obras, o piso do acostamento está mais baixo do que o nível do asfalto”, afirma. “A dor de uma família que perde alguém em um acidente de carro é terrível. A gente fica procurando explicações e não encontra o porquê, acrescenta. A aposentada Maria Nogueira Gomes, de 85 anos, mãe de Celso, disse que não consegue se conformar com a morte do filho. Antonio Péricles, do Dnit, garante que não há nenhum defeito na pista da BR-135. “O asfalto da pista está no mesmo nível do acostamento”, assegura. Segundo ele, a rodovia tem movimento de 5 mil a 8 mil veículos por dia.
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