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Mensagem: KONSTANTIN E SAMUEL Wanderlino Arruda Leio o bonito e completo texto do meu amigo e irmão Samuel Figueira sobre o nosso amigo Konstantin Christoff, que acabou nos deixando pela força dos 88 anos de vida, e me lembro perfeitamente da primeira exposição de pintura do Samuca, no prédio da Rua Justino Câmara com Padre Teixeira, e da apresentação que fiz, com palavras que soam até hoje na minha consciência, como se aquele julgamento fosse eterno. Afinal, era a história de um menino genial, que, adulto, se tornava mais genial ainda. Abaixo, um pouco do que escrevi sobre o artista, a sua vida e a sua arte: Um dia o garoto toma coragem, veste a sua melhor roupinha, põe na cara o melhor dos sorrisos, e corre pressuroso em busca do elogio e do incentivo do já famoso futuro colega Konstantin Christoff. Leva o mais trabalhado dos quadros, aquele mais acadêmico, mais certinho, de pinceladas bem cuidadosas. Pede a opinião e baixa a vista, modesto, temendo, antecipadamente, as palavras de louvor. Mas tudo sai ao contrário, Konstantin, jovem e fogoso, não sabe mascarar a verdade. Não gostando, diz sinceramente ao menino que não gostou. Faz mais: mando-o ir embora, esquecer o entusiasmo, jogar fora os pincéis e as tintas e tentar fazer outra coisa mais condizente coma sua vocação, que, de natural, pelo que via, não seria a de pintor. O menino revolta-se, fica com o espírito em br asa, assustado, coça a cabeça e, em princípio, resolve aceitar o conselho, a sugestão por mais terrível que ela seja. Chateado, chateadíssimo, sai e volta para casa. Triste e meditativo, raciocina melhor e conclui que está diante de um grande desafio, o que até pode ter sido o desejo de Konstantin. Analisa o passado, entrevê o futuro, e toma uma decisão: nem Konstantin nem ninguém pode ou vai sufocar o seu destino, sua vontade de ser artista. Se com aquelas palavras Konstantin estava mesmo é querendo despertá-lo, desafiá-lo, provocá-lo, ele iria ver, iria conhecer a sua reação de menino-homem, um grito de luta em busca de novo mérito. E quem sabe, até de elogios! O que fez então o menino? Voltou a sua energia em direção ao próprio Konstantin, crítico ou conselheiro, produzindo, de súbito, a sua primeira e revolucionária composição moderna, uma mescla de variações geométricas e instrumentais, em cores robustas e enérgicas, pinceladas marcantes. Para compor o rosto, desenhou uma chave inglesa, representando todo o conjunto facial; para traduzir o cachimbo, enfiou-lhe um machado bem tosco na boca. Resultado: uma figura chocante, mas de grande efeito. O crítico Konstantin gostou. Gostou tanto, que o aconselhou agora a buscar de novo, e com muito amor, os velhos pincéis baratos. E que o garoto partisse para a realização de novas e muitas tentativas. Procurasse ser menos Godofredo e muito mais Samuel. Data daí a nova fase da vida do artista Samuel. Pouca produção, muito cuidado, mais procura de melhor qualidade. Ideias sobre ideias. Formas sobre formas, transparências e coloridos novos. Entusiasmo comedido, decidida concentração, firmeza no ideal. Sem favor nenhum, pode-se considerar, em face do tempo, que Samuel Figueira, também meu mestre e crítico, é e será sempre um excepcional desenhista e pintor, artista de primeiríssima linha. Graças à inteligência, força de vontade e talento, dos melhores da história de Montes Claros. Sempre ele agradeceu isso ao amigo e colega Konstantin Christoff. Eu também! Institutos Históricos e Geográficos de Minas Gerais e de Montes Claros
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