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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: A agonia do hospital Waldyr Senna Batista O secretário estadual da Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, esteve em Montes Claros na semana passada. Veio oficializar parceria com a Santa Casa para construção de hospital especializado em traumatologia, que terá 150 leitos e custará cerca de R$ 50 milhões. O secretário liberou R$ 1,5 milhão para a elaboração do projeto, estando prevista a doação de terreno, no bairro Ibituruna (pelo dono do loteamento) ou na região norte da cidade (pela Prefeitura). Previsão de conclusão da obra: em torno de cinco anos. Muito antes disso, possivelmente nos próximos meses, Montes Claros pode vir a perder um hospital que funciona há quase quarenta anos, sem contar com recursos do Governo do Estado. Oferece 300 leitos, tem 600 empregados, corpo clínico de 160 médicos e sua dívida acumulada é de R$ 10 milhões, que aumenta R$ 150 mil, mensalmente. Em 2010, o hospital prestou atendimento a 20 mil vítimas de traumas por acidentes e não recebeu qualquer remuneração. Por ano, passam por ali 80 mil pacientes, sendo 72% do SUS, que paga miseravelmente pelos serviços: R$ 8,57 é o valor da consulta médica e a diária cobrada não leva em conta medicamentos, custos de hotelaria(almoço, jantar e lanche), além de outras despesas. Esta, em resumo, é a situação do Hospital Aroldo Tourinho, que está ameaçado de fechar as portas antes do final deste semestre, se não obtiver ajuda financeira do Estado e da União. Seu provedor, José Maria Marques, assumiu a função há menos de dois meses e se confessa desiludido. Revela que a Prefeitura não garante nem os recursos para a manutenção do serviço de pronto-socorro do hospital, que é obrigação dela. Nas administrações anteriores, foi acertada ajuda financeira para esse serviço, fixada em R$ 180 mil, mas a Prefeitura deixou de pagar nove meses, com o débito totalizando R$ 1,6 milhão. Procurado pelo provedor, o prefeito Luiz Tadeu Leite declarou que se dispõe a pagar R$ 120 mil/mês, mas a partir de agora, por entender que o que ficou para trás não é devido, por falta de contrato formal. Além disso, para assumir o compromisso, ele exige que o pronto-socorro atenda cinco clínicas, enquanto o hospital só tem condições de atender três. O provedor tem audiência marcada com o secretário da saúde em Belo Horizonte, nos próximos dias, para expor a desesperadora situação da instituição e provavelmente anunciar seu fechamento. Ele esclarece que, eventualmente, o Estado e a União destinam verbas para o hospital, mas para investimentos, nunca para custeio. No orçamento federal deste ano consta verba de R$ 2 milhões, destinada à aquisição de aparelho de tomografia computadorizada ( emenda do deputado Humberto Souto). Considerando-se a remuneração irrisória estabelecida pelo SUS, a operação do aparelho se torna inviável, pois agrava o déficit crônico do hospital. Por ser uma fundação a entidade mantenedora do hospital, o Ministério Público tem acompanhado de perto sua lenta agonia e poderá intervir na tentativa de evitar o pior. A área de atuação do HAT abrange todo o Norte de Minas e cidades da Bahia, pelo que a paralisação de suas atividades representaria grave prejuízo de ordem social. A referência feita ao futuro hospital de traumas, no início deste texto, não deve ser entendida como desaprovação ao empreendimento. Ao contrário, o funcionamento dele será benéfico, pois irá desafogar os demais hospitais da cidade e possibilitar assistência especializada às vítimas de acidentes, principalmente. A demanda nesse setor é grande e tende a aumentar, devido ao crescimento vertiginoso da frota de motocicletas transitando em ruas cujas condições mais se assemelham a pistas de motocross. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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