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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 21 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: O rei do cangaço Manoel Hygino dos Santos O fenômeno do cangaço ainda não foi, acho eu, examinado à luz das modernas ideias de guerra irregular que Alessandro Visacro examina em livro recente da Editora Concreto. Ele fala de terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história. O autor deseja que seu trabalho sirva de instrumento para reflexão, e isso conseguiu. Na prática, ´guerra irregular é todo conflito conduzido por uma força que não dispõe de organização militar formal e, sobretudo, de legitimidade jurídica institucional. Ou seja, é a guerra travada por uma força não regular. Esse conceito pode parecer excessivamente abrangente e vago, mas é, apenas, simples´. É o caso do cangaço. O Brasil sofreu intensamente a efervescência no Nordeste, desde o Império. O fenômeno Antônio Conselheiro é apenas um. Em 1920, o país tinha 27 milhões de habitantes, a exportação não alcançara 1 milhão de toneladas. O elemento fundamental da superioridade agrícola era o latifúndio. Terminada a primeira grande guerra, irrompe a crise mundial que afetará as estruturas econômicas dependentes, e o Brasil estava entre eles. Em 1922, explodia o tenentismo. A expressão máxima do poder do latifúndio reside na capacidade de recrutar e manter forças armadas, além das polícias estaduais. Nélson Werneck Sodré comenta que os coronéis mantêm tropas para afirmação de força. Surgem as ligas operárias nos centros importantes e o cangaço no Nordeste carente. Em meio a tudo, a Coluna Prestes. Cangaceiros, jagunços e outros indivíduos chegam a associar aos governos e latifundiários contra os homens de Prestes. A nação em estado de sítio. Em ´Lampião e o Estado-Maior do Cangaço´, de Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena, analisado com excelência por Enéas Athanásio, crítico conceituado de Santa Catarina e uma de suas expressões maiores, mostra-se ´o ambiente sócio-econômico e político que permitiu o exercício dessa forma de banditismo´. Enéas observa que a sobrevivência do cangaço encontra também explicação no apoio das populações rurais das regiões onde se desenrolava; apoio mesmo por medo, diria eu. Em 1938, a pobre mídia da época informava que Lampião fora morto numa emboscada das forças estaduais na gruta de Angicos, em Sergipe. Sua cabeça e a de Maria Bonita, sua companheira, foram cortadas e, anos depois, as vi no Instituto Nina Rodrigues, em Salvador. Mas o assunto não se encerrava. Em Brasília, em 2009 lançava-se o livro ´Lampião, o Invencível: duas vidas e duas mortes´, pela Thesaurus Editora, de Geraldo Aguiar, em que se defende a tese, com farta documentação, inclusive testemunhal, de que Lampião, o capitão Virgulino, não morreu na emboscada. Ele fugira antes e viera a residir em cidades norte-mineiras, usando nomes falsos, falecendo finalmente na cidade de São Francisco, onde viveu como Antônio Maria da Consolação ou João Teixeira Lima. O mito persiste. Geraldo Aguiar faleceu em maio último. Mas como Tagore Alegria, da Thesaurus, me conseguiu seu livro, voltarei ao tema.

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