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Mensagem: JoãoMaia Companheiro da velha guarda, filho do grande Quinto Maia, conservou do pai aquele semblante sóbrio que, na verdade, enfeitou, por mais de setenta anos, um ser humano inteligente e brincalhão. Para vocês terem uma idéia contarei apenas um caso. Meu irmão caçula, Xandão, levou a esposa, Guida, renomada intelectual, para conhecer o restaurante de João Maia. Fizera tão entusiástica propaganda da farofa ali servida, que ela desejou conhecer a maneira como a guloseima era preparada. João Maia, ao saber disto, convidou-a à cozinha. Aproximaram-se de um panelão, com farofa já pronta. Enquanto ele dissecava as artimanhas utilizadas para se chegar àquele ponto de perfeição culinária, Guida pediu para dar uma experimentada. Xandão, prevendo o que poderia acontecer, antecipou-se à esposa e estendeu logo uma das mãos, onde João Maia depositou uma colherada. Na maior habilidade, como fazemos desde a infância em nosso Norte de Minas, arremessou, num único e hábil movimento, toda aquela porção em sua boca, sem nada desperdiçar. João Maia fez o mesmo. Guida, impressionadíssima com a perícia dos dois, quis imitá-los. A farofa foi depositada em uma de suas mãos. Ela, então, não conseguindo arremessar a porção à boca, elevou as duas mãos, em cunha, até os lábios e começou a lamber o conteúdo. João Maia, sério que nem o pai, lamentou: — Xandão, pra que essa mulher sua estudou tanto? Não aprendeu nem a comer uma farofa?!?! Esse catrumano, montes-clarense da gema, batizado João Álvaro Maia, que a vida acaba de nos roubar, fará muita falta à sua família, a nós, seus amigos e à nossa querida aldeia.
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